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agosto 8, 2016

[ENTREVISTA] Bibliotecário Tiago Amaro

Tiago é bibliotecário do Instituto Federal de Goiás, ele dá sua opinião sobre o futuro da profissão e conta das suas dificuldades em enfrentar as burocracias da administração pública.

1. Por que Biblioteconomia?

Para ser honesto, a Biblioteconomia sempre foi minha segunda opção (exceto no Programa de Avaliação Seriado da UnB). Minha irmã é bibliotecária, então já conhecia um pouco do curso quando optei por ele.

2. Qual é a sua opinião sobre o futuro da nossa profissão?

Há tempos falamos sobre o futuro da nossa profissão. Quando os computadores e a internet chegaram, seríamos extintos. Depois veio o Google e a mesma conversa. A verdade é que, tirando algumas bibliotecas top de linha, ainda funcionamos no sistema tradicional de biblioteca/bibliotecário. O futuro é sempre algo que pode (e deve) ser mudado, mas começa com o agora. Assim, para sabermos o futuro da Biblio basta vermos o que temos no presente: ainda vejo muito daquele discurso da “profissão do futuro”, do super papel que o bibliotecário tem, etc. mas tenho poucas perspectivas de mudança, apesar de ver uma molecada boa por aí. Mas são poucos, se levarmos em consideração que formamos, semestralmente, 40 profissionais (UnB) e, destes, no máximo uns 10 irão se destacar “fora da caixa”, isso se não cansarem da profissão antes.

3. Qual foi o seu maior desafio no trabalho?

Me manter motivado. E falhei clamorosamente!!!

4. Você trabalha em uma Escola técnica, o IFG, quais atividades as Bibliotecas do IFG tem realizado para chamar os alunos nessa época de Internet, Google, etc?

Para ser muito honesto, não estou inteirado sobre atividade alguma. Há um tempo atrás soube que a biblioteca de Goiânia tem um perfil no Facebook, mas ao que parece, agora, todas essas atividades tem que passar pela Reitoria, o que, se confirmado, tira um pouco da autonomia e criatividade das bibliotecas setoriais para falarem diretamente com seu público.

5. Onde você fez sua graduação? O que achou do curso?

Fiz minha graduação na UnB. Honestamente não achei o curso nem maravilhoso e nem uma porcaria. É um bom curso, mas que sonhava com o futuro, esquecendo do presente. Igual aquele filme do Eminem (8 mile), naquela parte que o Eminem vence o concurso e diz que os caras do grupo dele gostam de pensar aqui (faz o sinal com as mãos sobre a cabeça), quando na verdade eles tem que pensar aqui (faz o sinal na altura do peito). Acho que na época faltou um pouco mais de realidade, porque me lembro de já notar isso, essa distinção de realidade entre o que era dito e o que vivenciava nos estágios (exceto no Senado).

6. Você sempre trabalhou dentro da biblioteca? Se não, onde mais? Como foi a experiência?

Trabalhei num curtíssimo período na Capes, pela RNP. Ali me senti útil pela primeira vez na minha carreira. Infelizmente saí muito cedo, preferi trilhar um outro desafio que me surgiu. A experiência foi ótima. Ali, a galera trabalha demais, mas todos pareciam gostar muito do que faziam. Não canso de contar a história de um dia que fui oferecer ajuda para uma colega, e acabei saindo para almoçar às 16h!!! E foi talvez o dia mais feliz da minha carreira.

7. Qual foi o último livro técnico que você leu? Sugira uma leitura técnica.

Tentei começar “As 5 leis”, do Ranganathan, mas tenho um sério problema que não consigo focar numa leitura apenas. Como o início me pareceu muito interessante, sugiro este.

8. Qual livro você está lendo agora? Sugira uma leitura para lazer.

Estou lendo a biografia do Napoleão Bonaparte (Vincent Cronin). Como gosto de biografias, sugiro a de Winston Churchill, escrita pelo Lord Roy Jenkins.

9. Quem é seu mentor na Biblioteconomia, por que?

Talvez tenha me faltado isso para me integrar melhor. Não tenho um.

10. Mande um recado para todos os bibliotecários do Brasil.

Paciência necessário é.