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fevereiro 24, 2017

A história da biblioteca infantil que funcionava dentro de um moinho

Muitas vezes é necessário resiliência para dar continuidade ao trabalho apesar dos obstáculos que nós bibliotecários enfrentamos diariamente nos nossos trabalho. A história dessa pequena biblioteca em Porta Alegre (RS) é uma inspiração para quem enfrenta burocracia, local inapropriado de trabalho, dificuldades políticas, etc, mas que acredita na mudança e no poder da leitura. Parabéns aos profissionais envolvidos!

A história da biblioteca infantil de Porto Alegre que funcionava dentro de um moinho

POR BRUNO MOLINERO

O parque Moinhos de Vento (ou Parcão, como acabou conhecido) fica em uma zona nobre de Porto Alegre, próximo a restaurantes badalados, bares que servem cervejas artesanais e hotéis. Todos os dias, nessa região da capital gaúcha, centenas de pessoas aproveitam para fazer exercícios ou simplesmente passear nos 11,5 hectares de área verde do espaço.

A estrutura de três andares construída no local é a réplica de um moinho açoriano, como os que existiram de verdade naquela região – no século 18, por exemplo, havia mesmo uma dessas construções onde hoje está a avenida Independência. A estrutura do parque costumava ficar aberta para visitação e abrigava a sede da Biblioteca Infantil Ecológica Maria Dinorah, que oferecia livros para crianças levarem para casa ou lerem estiradas na grama, em clima de piquenique.

Até que em agosto de 2015 o prédio foi fechado.

Tudo começou com uma chuva, que interditou o segundo andar do moinho. Após uma vistoria, decidiu-se por retirar a biblioteca de lá e fechar o prédio todo, que precisaria passar por uma reforma e readequação da estrutura. Mais de um ano e meio depois, nada disso ainda saiu do papel –o que mostra mais uma das faces da crise econômica pela qual passa a prefeitura de Porto Alegre e o governo do Rio Grande do Sul como um todo. E o moinho está lá, fechado, atrás de grades de ferro e um cadeado.

Os cerca de 3.000 exemplares da biblioteca precisaram ser transferidos para uma casinha de madeira no próprio parque, no lado oposto ao lago. A choupana foi o lugar onde a biblioteca começou, em 1985, e onde funcionou até 2004, quando foi transferida para o moinho. Sensivelmente menor, com apenas cinco estantes e uma mesa na única sala disponível, a nova sede não comporta todo o atual acervo. Por isso, parte dos títulos foi enviado à Secretaria do Meio Ambiente, que gerencia a instituição.

Ou seja: quando alguma das 3.867 pessoas que visitaram o local em 2016 mostra interesse por um livro guardado na Secretaria, é preciso abrir uma solicitação para que a obra possa ser encaminhada para a biblioteca do parque –burocracia que leva dias (e afasta os leitores). Tanto que a instituição não é conhecida pelos recordes de visitação nem de empréstimos: em todo o ano passado, foram 635 retiradas (saiba abaixo como se associar e retirar livros).

Principalmente de crianças e bebês que visitam o local com os pais. Muitos deles, porém, ainda têm dificuldade de encontrar a biblioteca. É relativamente comum ver famílias caminhando em direção ao moinho e, ao toparem com a grade de ferro fechada, irem embora. Inusitado e improvável, o prédio funcionava como um chamariz de curiosos, que entravam na construção para tirar selfies e conhecer o espaço –e acabavam tendo contato com o acervo infantojuvenil por tabela.

Biblioteca Ecológica Infantil Maria Dinorah fica no parque Moinhos de Vento – rua Comendador Caminha, s/nº, Porto Alegre (RS); tel. (51) 3289-7519 e (51) 3289-7520

Horário de funcionamento: seg. a sex., das 9h às 15h

Como se associar levar documento, preencher a ficha de cadastro e doar um livro para o acervo, não há custos extras.

Fonte: [1]