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fevereiro 29, 2016

[ENTREVISTA] Bibliotecária Katyusha Souza

Bibliotecária do Portal de Periódicos da Capes, Katyusha Souza fala sobre sua trajetória profissional e seu trabalho na CAPES. Bibliotecária que trabalha fora da biblioteca e é muito competente no que faz. Aproveitem mais uma entrevista exclusiva do Portal do Bibliotecário.

1. Por que Biblioteconomia?

É uma longa história. Eu queria fazer Comunicação mas, ajudando uma amiga a encontrar um curso que tivesse a ver com ela, descobri que existia a Biblioteconomia. Na época do vestibular, eu perdi a inscrição da UnB e pela pontuação que eu tinha vi que eu não conseguiria passar para o curso que eu queria. Entretanto, talvez conseguisse passar para Biblio pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS). Eu passei em uma particular para o curso que eu queria, mas quando saiu o resultado da UnB e eu vi que eu tinha passado… Desde pequena eu ia pra lá, pois meu pai estudou lá. Na época do vestibular pedi que minha prima me mostrasse o Campus, ela fazia Psicologia lá também. Ela me contou sobre como era, como funcionava etc. Vi que existia uma pequena possibilidade de tentar mudar de curso e no primeiro semestre já saí fazendo matéria de Comunicação, Desenho Industrial e Computação, que eram áreas que também me interessavam. Ao fazer isso pude compará-las. E nessa experiência descobri que a Biblioteconomia poderia abranger todas essas áreas que eu gostava.

2. Qual é a sua opinião sobre o futuro da nossa profissão?

Desde a minha graduação vejo que é uma área muito fluída. Para que se possa trabalhar bem você tem que conhecer um pouco de tudo, mas principalmente de tecnologia e saber reinventar o trabalho o tempo todo. Não tem como se prender a parte tradicional apenas, porque a gestão da informação muda o tempo todo: seja como ela é produzida, gerida, recuperada, acessada.

3. Qual foi o seu maior desafio no trabalho?

Meu trabalho é um desafio constante e envolve muito estudo. Desde o controle do acervo, disponibilidade e recuperação de acesso a informação, planejamento e gerenciamento do sistema, estudo de usuários, seleção e avaliação de coleções e também muito estudo sobre bases de dados, tecnologias disponíveis e bibliometria.

4. Conte-nos um pouco sobre as atividades que você desempenha na CAPES?

Eu trabalho no Portal de Periódicos da Capes. Para quem não conhece é uma biblioteca virtual com mais de 37 mil periódicos científicos e mais de 500 bases de dados dentre conteúdos de acesso aberto e pago, que neste caso é pago pelo governo federal para mais de 400 instituições de ensino superior e de pesquisa. Lá eu estou responsável pelo Desenvolvimento de Coleções e participo do Projeto de Atualização Funcional e Tecnológica do Portal. É um trabalho apaixonante e instigante. Porque o Portal é enorme e para fazer esse trabalho o conhecimento de outras áreas (contratos, estatísticas, TI dentre outros) acaba sendo extremamente necessário.

5. Onde você fez sua graduação? Como foi o curso?

Como disse antes, fiz minha graduação na Universidade de Brasília. Foi o momento em que descobri o que queria fazer e fui atrás. Procurando estágios para vivenciar o trabalho na prática, em seguida testando a vida acadêmica ao participar de projetos de iniciação científica. Sempre me preocupei muito em ser uma boa profissional, mas, quando gostava muito de alguma disciplina, eu gostava de buscar cursos complementares e pedia orientação e dicas aos professores. Nunca gostei de me sentir parada.

6. Você sempre trabalhou dentro da biblioteca? Se não, onde mais? Como foi a experiência?

Não. Trabalhei sim em bibliotecas, mas por breves períodos. Eu já trabalhei na alimentação de sistemas de informação em uma empresa do sistema S e em seguida com a editoração dos dados. Trabalhei em uma agência de publicidade (meu agradecimento eterno à Juliana Guimarães) na qual tive o privilégio de acompanhar o início do desenvolvimento da área de arquitetura de informação, que é muito apaixonante e dinâmico. E agora na Capes, uma surpresa maravilhosa já que pude continuar e aperfeiçoar o conhecimento que obtive nos trabalhos anteriores e ainda aprender muito mais. Também tive o prazer se conhecer muitos profissionais engajados e excepcionais e aprendi muito. O contato e a troca com essas pessoas é fundamental. Sempre gostei de questionar e entender as coisas e essas pessoas são “oráculos” para nós. Praticamente tesouros quando estamos começando nossa jornada profissional.

7. Qual foi o último livro técnico que você leu? Sugira uma leitura técnica.

Nossa! Acredita que todos os livros que eu não comprei durante a minha graduação eu tive que comprar depois? (Risos) E descobri muitos outros ainda. Quando a gente trabalha na área não tem muita saída, mesmo que tudo mude tem que conhecer como tudo começou. Eu tenho feito muitas leituras técnicas seja por conta do trabalho ou por causa do Doutorado que estou fazendo. Mas tem um que me marcou e que por mais que não pareça, é, sim, totalmente pertinente para nós, bibliotecários. O título é Ansiedade da Informação e o autor é o Richard Wurman.

8. Qual livro você está lendo agora? Sugira uma leitura para lazer.

Eu tenho dificuldade com isso. Já li muita coisa, mas tinha mania de comprar mais livro do que ler. Tenho uns 6 parados na estante. Mas gosto muito de biografias. Indico dois bem diferentes um do outro: Persépolis da Marjane Satrapi e O outro lado de mim do Sidney Sheldon. O primeiro conta a vida da autora durante a revolução islâmica mas em quadrinhos. O segundo conta a vida do escritor e a trajetória em Hollywood até se tornar um profissional de sucesso. Conta toda a história do cinema e teatro americano. Quem gosta da temática vai se apaixonar.

9. Quem é seu mentor na Biblioteconomia, por que?

Admiro muitos profissionais e tive o prazer de contar com o auxílio muito próximo de alguns. Se puder citar vários, vamos lá: Sueli Amaral e todos os integrantes do grupo de pesquisa em marketing da informação (cresci muito participando desse grupo), Sely Costa (foi por conta da aula dela que eu não mudei de curso) e Fátima Lobo. A Fátima é uma jóia rara! Acompanhou a história do surgimento das bases de dados até se aposentar pouco tempo atrás. Era sensacional contar com ela no dia a dia de trabalho, além de ser uma pessoa muito animada, carinhosa e querida possui um conhecimento extenso sendo um exemplo de competência e dedicação ao trabalho.

10. Mande um recado para todos os bibliotecários do Brasil.

Não fiquem parados e não esperem que alguém ou algo lhes deixem informados. Busquem sempre mais! Conhecimento, experiência, aperfeiçoamento. Tudo está mudando muito rápido e cada vez mais, nós bibliotecários (cientistas da informação, profissionais da informação, gestores da informação, CEO…), somos necessários. Em todos os lugares e mesmo com nomes pouco convencionais. Nossa formação nos permite atuar dessa forma. E quando digo formação, não me restrinjo à grades curriculares de universidades. Essa formação é o mínimo, busquem sempre mais.

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