Para dar vida às bibliotecas escolares
Espaços nem sempre são bem aproveitados nas redes de ensino. Seminário no Recife vai discutir como dinamizar as bibliotecas
Oficialmente, a Escola Municipal de Tejipió, no bairro de mesmo nome, na Zona Oeste do Recife, tem biblioteca. Fica num primeiro andar, na parte de trás da unidade de ensino, numa sala com ar-condicionado, e está repleta de livros. Mas na prática é como se o espaço não existisse. Falta quem organize o local e o torne atrativo para os alunos. Ressaltar a importância das bibliotecas escolares como instrumento de formação de leitores é uma das propostas de um seminário que começa segunda-feira, no Recife, com a participação de 200 professores de colégios municipais e estaduais da capital pernambucana.
“É na escola que a criança tem o maior acesso gratuito aos livros. É onde ela é estimulada desde cedo à leitura. Os colégios precisam encarar as bibliotecas como espaços fundamentais de formação de leitores e de transformação social”, destaca a diretora da Editora Cubzac, Deborah Echeverria, promotora do evento. O seminário acontecerá na Academia Pernambucana de Letras, no bairro das Graças, Zona Norte, com patrocínio da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Serão seis encontros, entre maio e novembro.
No País, segundo o Censo de Educação Básica de 2016, do Ministério da Educação (MEC), 50,5% das escolas de educação básica possuem biblioteca ou sala de leitura. “É urgente que sociedade e gestão pública incorporem a biblioteca escolar como valor indispensável a ser defendido e preservado”, observa Deborah.
“Material não falta. Dispomos de muitos livros. O nosso desafio é ter uma pessoa para organizar a biblioteca. Há uma professora, que por problemas de saúde não pode estar em sala de aula, designada para lá, mas ela sempre está de licença médica”, conta a coordenadora pedagógica da Escola Municipal de Tejipió, Tânia Rodrigues. “Sou contadora de histórias e vejo o quanto os alunos adoram. Ficam empolgados. Improvisamos uma caixa de papelão e colocamos os livros para os professores trabalharem com os estudantes”, relata Tânia.
Aliane Maria Cahú leciona numa turma do 2º ano do ensino fundamental. Tem duas caixas repletas de exemplares com páginas coloridas de histórias que a garotada adora. Costuma disponibilizar os títulos para os estudantes no fim da aula. “Não contamos com a biblioteca, infelizmente. Mas isso não impede que os alunos tenham acesso aos livros. Até aqueles que ainda não sabem ler gostam de manusear, de ver as figuras”, observa a professora.
Outro fim
Como a biblioteca não é usada como espaço de leitura, funcionários da Secretaria Municipal de Saúde aproveitam a sala para pequenas reuniões. A direção da unidade de ensino também guarda lá as caixas de Lego e outros utensílios da escola. Uma das queixas é o forte cheiro de mofo. O acesso à sala também não favorece: acontece por uma escada mal iluminada, onde há canos e portas velhas armazenadas.
A Secretaria de Educação do Recife informa que incentivo à leitura é uma das prioridades da pasta. A rede conta com 334 escolas. Dessas, em cem há bibliotecas, 58 com salas de leitura e 30 com cantinhos da leitura. “Independentemente de a unidade de ensino possuir espaço físico específico para realização de leituras, qualquer local dentro da escola pode se tornar apropriado para incentivar esse hábito”, enfatiza a secretaria, em nota. O órgão prometeu verificar a situação da Escola Municipal de Tejipió para indicar uma outra pessoa para assumir a biblioteca.
Fonte: [1]