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outubro 8, 2018

O Papel de Profissionais de Biblioteconomia Para A Competência Crítica Em Informação

A Teoria Crítica, que influencia diretamente a Pedagogia Crítica, tem na atualidade, segundo Elmborg (2012), congruência com a filosofia da biblioteca. Mas ele pergunta como essa filosofia, de fato, se desempenha nos papéis que profissionais de Biblioteconomia assumem na educação dos estudantes? Para o autor, uma maneira de enquadrar, é pensar como a Biblioteconomia pode ser vista como uma forma de viver e praticar estudos críticos. Para ele, a resposta é o desenvolvimento de Competência Crítica em Informação.

Atuação Educadora

Elmborg (2012), influenciado pela da pedagogia crítica, especialmente com base nos estudos do educador brasileiro Paulo Freire, convida-nos a refletir sobre o quão problemática a relação ensino-aprendizagem pode ser quando não são levados em consideração os conflitos culturais e sociais que moldam nosso imaginário sobre o papel da escola e da biblioteca escolar. O autor atenta para a incipiente produção bibliográfica sobre o tema nos EUA e destaca a importância da atuação educadora por parte de bibliotecárias e bibliotecários.

Licenciatura em Biblioteconomia

Trazendo essa perspectiva para o contexto brasileiro, reconhece-se a formação da licenciatura em Biblioteconomia, como a que mais adequa a perspectiva do autor no que se refere a atuação de profissionais de Biblioteconomia na relação ensino-aprendizagem. Destaca-se a importância destes profissionais uma vez que toda a formação Biblioteconômica é atrelada à didática, à Filosofia da Educação e à dinâmica e organização escolar (UNIRIO, 2009). O autor recomenda que profissionais de Biblioteconomia questionem-se não só sobre o conceito e bases filosóficas que fundamentam a Competência Crítica em Informação, mas também reflitam sobre o que podem fazer tanto para o desenvolvimento da área, como na sua atuação na sociedade.

Estimular o pensamento crítico

Pensamento crítico: nuvem de palavras-chave

A “Competência crítica em informação existe em uma relação entre pessoas e informação mais do que uma coisa identificável por si só” (ELMBORG, 2012, p. 78). Elmborg defendeu a transição da Competência em Informação, mais tecnicista, para uma mais crítica, mais rica e mais centrada no humano. Profissionais de Biblioteconomia que se envolvem com a perspectiva crítica e humanista no seu fazer no mundo como profissional, colaboram com a cidadania de seus usuários estimulando o pensamento crítico e trabalhando a Competência Crítica em Informação destes.

A percepção deste profissional a respeito das condições econômicas, sociais e culturais que incidem sobre a informação e o usuário, bem como as dimensões aqui citadas da própria informação, são fundamentais para que sua mediação com o usuário seja adequada, estimulante e crítica. Elmborg (2012) confronta a felicidade ante uma consciência crítica, “a consciência de que os confortos materiais e a felicidade dependem, em diferentes circunstâncias, daqueles que ainda precisam “fazer” e daqueles que talvez nunca façam”7 (ELMBORG, 2012, p. 78). A consciência das discrepâncias sociais e dos condicionantes que atingem os indivíduos os empurrando mais para cima ou engessando mais abaixo, constitui um problema fundamental para educadores, profissionais de Biblioteconomia e pesquisadores da área. Como o autor coloca, “Uma vez que estamos despertados para a questão, não podemos “desquestionar” isso”8 (ELMBORG, 2012, p. 78).

Competência Crítica em Informação

A Competência Crítica em Informação leva em consideração os fatores socioeconômicos e culturais do usuário e não apenas a eficiente busca e uso da informação de maneira tecnicista. É preciso perguntar para quem e para o quê essa informação é útil. A/O bibliotecária/o acadêmica/o, como todas as outras partes interessadas, que não leva em conta a dimensão crítica, se mantém a uma distância da usuária(o)o/estudante. Apenas avalia seu progresso em relação à Competência em Informação, usando a vareta de medição dos padrões, o que se considera ser uma replicação do produtivismo capitalista hegemônico.

Nesse aspecto, profissionais de Biblioteconomia, especialmente com formação em licenciatura, que abraçam o fazer crítico, procuram quebrar o ciclo da educação bancária e incorporar o pensamento de Freire de que homens e mulheres são seres conscientes, capazes de romper a ideia determinista e modificar suas histórias. Emprestando a teoria de Freire, o contato com a informação é então focado em atos de cognição e não em mera transferência. A relação entre profissional de Biblioteconomia e estudantes deixa de ser vertical e distante para assumir uma relação dialógica, que desenvolve uma práxis crítica, reposicionando assim, usuária(o)/estudante em uma “consciência crítica” emancipatória (FREIRE, 1987).

Para ler o artigo na íntegra clique AQUI.

Fonte: [1]