Se no pós-Internet, considerando seus diversos canais de comunicação (blogs, redes sociais, e-mails etc.), os acontecimentos são divulgados de forma concomitante à sua ocorrência, é preciso refletir se a informação transmitida por esses canais que alimentam a rede de computadores de forma constante está bem fundamentada e consistente. Por outro lado, é importante ponderar a riqueza que esse fluxo crescente de informações e principalmente de pontos de vista sobre determinados fatos ou acontecimentos podem trazer para os leitores, telespectadores e navegadores que a consomem. Há uma fonte inesgotável de informações que, até bem pouco tempo, seria impossível imaginar. Essas fontes são alimentadas por membros da própria rede que contribuem para a construção das notícias por meio da divulgação de vídeos e imagens, em tempo real, as quais desejam imprimir uma veracidade e legitimidade dos fatos, visando garantir ao usuário o papel de testemunha ocular dos fatos.
Um exemplo desse fenômeno é o aplicativo WhatsApp Messenger, que permite a troca instantânea de mensagens por intermédio de smartphones. Além das mensagens textuais, os usuários desse aplicativo podem criar grupos, enviar mensagens, imagens, vídeos e áudios. Outro exemplo é o aplicativo WAZE, uma espécie de GPS social.
Quanto à fundamentação e veracidade da informação em detrimento da velocidade em que essa divulgação se dá, é importante destacar que da mesma forma que a Internet facilitou o acesso da sociedade às notícias, ela também passou a funcionar como catalisadora dessas notícias, proporcionando àqueles que as compilam e as veiculam o alcance de várias informações, vindas de fontes diversas, que passam a lhes possibilitar diferentes versões de um mesmo fato, e, desse modo, lhes ajudam a “fabricar” notícias em velocidade recorde. Portanto, a instantaneidade da informação pode ser entendida como a sua divulgação e a sua imediata possibilidade de acesso tão logo a ocorrência de um fato torna-se disseminado pela rede.
Quando se analisa a instantaneidade da informação, observa-se a existência de notícias que, pela urgência na sua divulgação, são elaboradas de forma fragmentada, compondo uma sucessão de fatos soltos que deixam clara a obrigação de compor uma pauta midiática com o objetivo de transmitir aos públicos uma sensação de atualização sobre tudo o que ocorre diariamente no mundo. É comum a produção e veiculação de novas notícias que, na verdade, são apenas informações duplicadas, atualizadas ou antigas reeditadas.
O fato é que, diante da necessidade de divulgação instantânea, fragmentos de notícias são veiculados imediatamente de maneira pontual e desvinculada de contextualizações, apenas com o objetivo de fazer chegar aos usuários uma informação que dificilmente será totalmente inteligível, proporcionando apenas uma sensação de estar informado.
É preciso mencionar que as possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias da informação e comunicação não representam necessariamente ganhos para a liberdade e democratização da informação. A Internet apresenta possibilidades para que haja uma democratização tanto do acesso quanto da divulgação do conhecimento.
Os dados do site Blog.Qmee.com (Qmee, 2013), complementam a pesquisa da Intel (2013) e mostram que, em sessenta segundos, quase dois milhões e meio de publicações são feitas no Facebook e mais de trezentos blogs são criados. Em 2015 esses números certamente são maiores.
Contudo, não há mais qualquer desculpa para que o segmento da sociedade que tem acesso a Internet esteja desinformado, porém, ao mesmo tempo, a impressão que se tem é que as pessoas sabem cada vez menos sobre tudo, em especial sobre os assuntos que elas mesmas divulgam, opinam sobre e algumas vezes enfaticamente defendem. Esse, talvez, seja a maior paradoxo sobre o grande volume e instantaneidade da informação.
Certamente a heterogeneidade dos membros dessas redes a enriquece, uma vez que cada um deles pertence a uma região diferenciada, está inserido em uma determinada cultura, pratica ou não uma religião e é influenciado por múltiplos fatores, mas, apesar de todas essas especificidades eles se relacionam e interagem no ciberespaço. Assim, devido a essa grande capilaridade das redes sociais, no momento em que acontece um fato que desperte o interesse da sociedade, logo essas redes se tornam um lugar privilegiado para o repasse de informações e debates.
