Destaques do SNBU: dia 2

Pessoal, vale a pena ler essa entrevista sobre acesso livre. É bom ver uma profissional sobre o assunto comentando um tema tão relevante para nós profissionais da informação.

Em entrevista, Marie Pellen destacou as possibilidades do OpenEdition

Assessoria de Comunicação do SNBU 2014 (AC) – Quais as principais dificuldades detectadas em relação ao acesso livre às revistas científicas?
Marie Pellen (MP) – Há vários entraves e burocracia para o acesso livre. Um deles é pensarmos em acesso aberto e não em edição eletrônica para acesso aberto e, quando falamos de revistas e livros científicos, precisamos falar de edição primeiro. Além disso, é necessário pensar nos meios para concretizar esse acesso. O importante não é só disponibilizar um texto em acesso aberto, mas também ter os meios para disponibilizar esse texto.

AC-Qual é o procedimento para aderir às plataformas oferecidas pelo OpenEdition?
MP – Para o Calenda, qualquer pessoa pode submeter um evento, cuja qualidade será avaliada pela nossa equipe editorial.  Para o Hypotheses a mesma coisa. É aberto para qualquer pessoa que queira abrir um blog, cujo conteúdo também é avaliado pela equipe da OpenEdition. Para as revistas, é necessário preencher um formulário e enviar os três últimos números em formato digital. É feita, então, uma dupla avaliação da revista pelo Conselho Científico, que analisa não só a qualidade do conteúdo, mas também a capacidade da equipe editorial de assegurar a colocação on-line e publicar números de maneira regular. No Books é a mesma coisa. Há um formulário a preencher e depois é feita uma avaliação das coleções. A única diferença é que o Books tem um financiamento especial e então, os editores que quiserem, podem ter um apoio à digitalização e disponibilização on-line. Em contrapartida, o editor se compromete a colocar pelo menos cinqüenta por cento dos livros em acesso livre no Freemium.

AC – E as bibliotecas e outras instituições que queiram fazer a assinatura do Freemium?
MP – Para fazer uma assinatura, o melhor é entrar em contato com a equipe editorial do Freemium por e-mail (freemium@openedition.org). A Freemium fará uma proposta de custo para a instituição, de acordo com o nível de desenvolvimento do país e o número de estudantes em Ciências Sociais e Humanas na Instituição. As bibliotecas que quiserem também podem se beneficiar de um teste de três meses, para adaptação à plataforma.

AC – A editoração das revistas científicas é um aspecto que exige atenção redobrada e um dos desafios que você citou na Conferência. O OpenEdition oferece um treinamento?
MP – Há um treinamento de dois dias para o uso do nosso software, que inclui essa questão. Há também um evento de dois em dois anos, no qual organizamos palestras, treinamentos para editoração de revistas on-line e também para os editores de livros e tudo isso com o foco sobre acesso livre.

AC – A ferramenta de editoração e publicação é fácil de manipular?
MP – É de fácil manipulação e acesso. Uma vez que a revista esteja revisada e formatada pela equipe editorial, não há mais trabalho a fazer, pois o software faz a conversão para todos os formatos (HTML, PDF e Epub) e isso é importante, porque se facilitamos a maneira de disponibilizar os conteúdos digitais, aumentamos o tempo que a equipe de editoração tem para editar os textos e cuidar da qualidade e da revisão de pares e conteúdo.

AC – Para vocês que têm experiência, qual é a sugestão do número de pessoas para uma equipe de editoração?
MP – Creio que o ideal seja ter um assistente editorial, que possa trabalhar em pelo menos meio horário para a revista, com o apoio de uma equipe editorial de três/quatro pessoas. O Conselho Científico também faz parte da revista e pode ser maior porque ele vai dar suporte para a avaliação e revisão de pares, mas é importante que a equipe editorial não seja muito grande, tenha no máximo quatro pessoas, para facilitar a tomada de decisão.

AC – Qual é o objetivo da plataforma Calenda?
MP – O objetivo é dar mais visibilidade aos eventos. Por exemplo, para fazer uma divulgação ampla do call for paper (chamada de trabalhos). Se for divulgado apenas na área e no meio da revista, provavelmente não terá o mesmo alcance e variedade de artigos que poderia ter com uma ampla divulgação. O Calenda possibilita uma maior visibilidade, o que também poderá aumentar a qualidade da revista. E, além disso, é um calendário em comum de todos os eventos das Ciências Sociais e Humanas.

AC – A unificação das revistas em uma plataforma também é um ponto positivo do OpenEdition?
MP – De fato, notamos que muitas revistas têm iniciativa de publicar em acesso aberto em um site isolado, mas isso prejudica a visibilidade. E é importante se beneficiar das facilidades de uma plataforma porque é muito mais fácil de entrar nos índices de citação e metadados quando colocamos várias revistas em uma única plataforma, do que quando colocamos apenas uma. Dessa maneira, percebemos que as iniciativas isoladas não são tão eficazes…

AC – Qual é a diferença entre a plataforma SEER, do Ibict, e a oferecida pelo OpenEdition?
MP – A plataforma brasileira funciona com o OJS e a vantagem disso é que ele permite fazer todo o processo da submissão à publicação do artigo, mas uma das desvantagens é que quase todas as pessoas disponibilizam apenas o PDF do artigo e não o HTML, apesar de haver também essa possibilidade. Nesse momento, o OpenEdition está também trabalhando com o OJS na plataforma Revues.org, mas apenas para processo de avaliação do artigo. Depois desse momento de avaliação, utiliza-se o software livre Lodel, desenvolvido pelo OpenEdition.

AC – Qual é a diferença entre o Lodel e o OJS?
MP – A diferença é que o OJS é muito voltado para o processo técnico, da submissão à publicação e o Lodel é voltado para a edição eletrônica, disponibilizando a revista em todos os formatos (HTML, PDF e Epub). Há também a intenção de agregar, no OpenEdition, o OJS para facilitar todos os outros processos, da submissão à publicação, mas esse software precisa ser atualizado, pois possui mais de 10 anos e precisa ser adaptado às diferentes línguas e especificidades de editoração de cada país.

Saiba mais

As quatro plataformas do OpenEdition

Books
Inaugurada em fevereiro de 2013, esta plataforma é dedicada às coleções de livros em todas as línguas e em todas as áreas da investigação em ciências sociais e humanas. Tem por ambição criar uma biblioteca internacional para as humanidades digitais e, para tal, incentiva as editoras a desenvolverem o acesso livre a longo prazo. Até 2020, estarão on-line 16000 obras e mais da metade em acesso livre.
http://books.openedition.org

Revues.org
Fundada em 1999, Revues.org é atualmente uma plataforma com 400 revistas on-line, ou seja, 120.000 artigos em acesso livre direto. As revistas são selecionadas com base em critérios científicos e os respectivos sites obedecem a uma carta de qualidade, que garante uma grande acessibilidade à literatura científica.
http://www.revues.org

Hypotheses
A Hypotheses é uma plataforma de blogs de investigação, constituindo um espaço de experimentação de novas escritas acadêmicas e de comunicação direta entre os investigadores. Após 4 anos de existência, a Hypotheses reúne mais de 700 blogs escritos por uma comunidade de 1200 blogueiros oriundos de todos os países do mundo.
http://hypotheses.org

Calenda
Desde 2000, Calenda é um calendário das letras e das ciências sociais e humanas que divulga mais de 22000 eventos. Em acesso livre, informa a comunidade científica, anunciando colóquios, seminários, jornadas de estudo, ofertas de bolsas, convites à apresentação de trabalhos etc.
http://calenda.org

Fonte

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