Acessibilidade nas Bibliotecas: uma necessidade para promover a inclusão social

Atualmente existe a preocupação de diversas instituições em oferecer serviços e produtos acessíveis a todas as pessoas. Como não poderia deixar de ser, as bibliotecas e unidades de informação têm procurado se inserir no universo da acessibilidade.

Para uma biblioteca ser acessível, é necessário que acolha um maior número de pessoas em suas atividades, que tenha instalações adequadas para atender cada um, conforme suas diferenças físicas, antropométricas e sensoriais; somando-se a isso a acessibilidade digital e tecnológica de forma organizada. Além disso, os funcionários devem ser solícitos no momento do atendimento, permitindo a acessibilidade. A parte arquitetônica e os produtos são fundamentais para um planejamento de biblioteca que seja acessível.

Tipos de acessibilidade

a) acessibilidade arquitetônica: não deve haver barreiras ambientais físicas nas casas, nos edifícios, nos espaços ou equipamentos urbanos e nos meios de transportes individuais ou coletivos;
b) acessibilidade comunicacional: não deve haver barreiras na comunicação interpessoal, escrita e virtual;
c) acessibilidade metodológica: não deve haver barreiras nos métodos e técnicas de estudo, de trabalho, de ação comunitária e de educação dos filhos;
d) acessibilidade instrumental: não deve haver barreiras nos instrumentos, utensílios e ferramentas de estudo, de trabalho, e de lazer ou recreação;
e) acessibilidade programática: não deve haver barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas e normas ou regulamentos; e
f) acessibilidade atitudinal: não deve haver preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações.

Acessibilidade para pessoas com deficiência visual

Ao receber um deficiente visual na biblioteca, alguns cuidados devem ser tomados, evitando, assim, constrangimento e desconforto desnecessários, tanto para o usuário como para o atendente. Algumas pessoas possuem dúvidas de como se comportar diante de tais pessoas. Diante dessa realidade, a Organização Não-Governamental (ONG) Centro de Vida Independente (CVI) tem publicado, dentre outras ações, o manual de inclusão social, que faz recomendações de como se comportar diante de uma pessoa com deficiência visual.

Qual é o ideal?

a) manter sala de apoio equipada com máquina de datilografia Braille, impressora Braille acoplada ao computador, sistema de síntese de voz, gravador e fotocopiadora que ampliem textos, software de ampliação de tela, equipamento para ampliação de textos para atendimento ao estudante com visão subnormal, lupas, réguas de leitura, scanner acoplado a computador;
b) adotar um plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico em Braille e de fitas sonoras para uso didático; e
c) Possuir profissionais capacitados para operar todo esse aparato.

A tecnologia possui grande relevância para os deficientes visuais, pois, através dela, o acesso à informação torna-se mais fácil, ou seja, mais acessível. Alguns equipamentos e softwares são necessários para que o deficiente visual possa ter acesso de modo eficaz às informações. Os recursos óticos ajudam a melhorar o desempenho visual através da ampliação de imagem, como óculos, lupas e telescópios.

Softwares e equipamentos para bibliotecas

A biblioteca pode se utilizar dos benefícios dos softwares, os quais permitem que os deficientes visuais possam usufruir da tecnologia para se tornarem mais interativos e independentes quando buscam por informações e conhecimento. Os leitores de tela são programas que interagem com o sistema operacional do computador, capturam as informações textuais e as transformam em resposta falada, através do uso do sintetizador de voz. O usuário pode ouvir o que está sendo demonstrado à medida que navega pelo sistema e executa comandos.

1) DOSVOX – sistema operacional que se comunica com o usuário através de síntese de voz, em português, o qual foi produzido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ e possui distribuição gratuita. O sistema roda em Windows 95 ou superior e permite um alto grau de independência do deficiente visual. O que diferencia o DOSVOX de outros sistemas é que a comunicação homem-máquina é mais simples e estabelece um diálogo amigável, através de programas específicos e interfaces adaptativas. Oferece ambiente de trabalho com jogos adultos e infantis, editor de textos, calculadora, navegador para internet, lente de aumento para pessoa com visão subnormal. Permite que se imprima em Braille, caso haja uma impressora Braille acoplada ao computador. Pode ser baixado gratuitamente no site do Núcleo de Computação Eletrônica8;

2) Delta Talk – programa nacional que permite a interação com o computador de maneira natural. O programa fala adequadamente e existe a opção de escolha de três vozes diferentes. Números, datas, horas e abreviações são lidos com entonação determinada automaticamente, através de análise linguísticas do texto9;

3) Virtual Vision – software pago e desenvolvido em 1997 pela empresa Micropower, dos Estados Unidos. O Virtual Vision lê para o usuário todo conteúdo da tela selecionado por meio do teclado, inclusive planilhas, tabelas e sites na Internet. Roda em ambiente Windows e é capaz de interagir com diversos programas como os do pacote Office, Internet Explorer, MSN, Skype, dentre outros;

4) Jaws – software pago e considerado um dos leitores de tela mais populares e mais completos do mundo, produzido pela empresa norte americana Freedom Scientific, roda em português e possui um software de sintetizador de voz que utiliza a própria placa de som do computador;

5) Openbook – converte o texto escaneado em texto eletrônico para ser lido pelo sintetizador de voz ou convertido em MP3. As pessoas com visão subnormal podem escolher entre a exibição visual por ampliação, espaçamento especial entre caracteres e ajuste de cores de alto contraste, é um OCR (Optical Character), uma tecnologia para reconhecimento óptico dos caracteres. A versão mais atual é a OpenBook 9.0; e

6) Magic – é um programa que traz as funções de síntese de voz e ampliação simultaneamente. Próprio para usuários com visão subnormal. Pode ser ajustado de acordo com as necessidades do usuário e aumenta de 2 a 16 vezes a informação selecionada ou Braille.

O acesso aos recursos disponíveis para os deficientes visuais sugere que os mesmos tendem a se tornarem cada vez mais independentes em relação à busca por informação, desde que tenham acesso aos instrumentos adequados.

Tão importante quanto o uso de equipamentos e softwares é o preparo dos profissionais para o atendimento aos usuários com deficiência visual.

É preciso ir além: desenvolver uma conscientização por parte das pessoas que trabalham nas unidades de informação, uma forma de pensar mais inclusiva, deixando isso refletir em suas atitudes.

Fonte

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