Autor investiga Hitler a partir de sua biblioteca

Muito interessante esse texto que saiu na Ilustrada da Folha de S. Paulo.  Como é possível notar traços da personaldiade de uma pessoa observando o que ela lê. Nesse caso, uma das mentes mais geniais e ao mesmo tempo mais cruéis da humanidade, a mente de Adolf Hitler.

Se eu pudesse voltar na época da UnB faria alguma disciplina da psicologia. Inclusive acho que os dapartamentos de Ciência da Informação das universidades federais deviam adotar como uma das disciplinas obrigatórias no currículo de Biblitoeconomia algo como Introdução a Psicologia ou Psicologia da Personalidade. Acho que o conhecimento adquirido nessas disciplinas auxiliaria os bibliotercários, principalmente aqueles que trabalham na referência a construir perfis de usuários e com isso realizar um serviço de disseminação seletiva da informação mais eficiante.

RAQUEL COZER
da Folha de S.Paulo

Um raro exemplar de um volume de 1915, “O Reino de Deus e o Mundo Contemporâneo”, de Peter Maag, foi localizado há alguns anos numa promoção de um sebo de Nova York, a US$ 0,50. Na contracapa, a assinatura do antigo dono: “A. Hitler”.

O livro era um entre os 16 mil que o ditador nazista reuniu ao longo da vida e que, retirados de suas casas em Munique, Berlim e Obersalzberg após seu suicídio, em 1945, espalharam-se por bibliotecas e universidades dos EUA e da Europa -ou apenas se perderam.

É por meio desse material que o historiador Timothy W. Ryback busca decifrar, em “A Biblioteca Esquecida de Hitler – Os Livros que Moldaram a Vida do Führer”, a personalidade do homem responsável pela morte de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra.

“Foi um homem que leu um livro por noite durante quase toda sua vida adulta. Os títulos são uma janela única para seu mundo interior”, diz o autor à Folha, por telefone, da França. Mas uma janela que, olhada com cautela, permite afugentar a ideia de intelectual que se teria de um leitor compulsivo. Nas estantes de Hitler conviviam, sem critério, obras de filósofos como Nietzsche e Schopenhauer e tratados antissemitas; livros de arte e volumes de literatura barata; histórias de guerra e teorias do ocultismo.

“Ele era um leitor acrítico, capaz de ler um estudo filosófico num dia e, no outro, um panfleto racista, sem fazer nenhuma distinção”, diz Ryback. A própria biografia do führer, “Mein Kampf” (minha luta, lançado em dois volumes, em 1925 e 1926), já dava pista da leitura superficial a que ele se dedicava –mesmo em clássicos como “Dom Quixote”.

O autor distingue, nos parágrafos do nazista sobre “como ler livros”, uma “chave absoluta” para entender como fazia isso. Em vez de devorar livros como fonte de conhecimento, Hitler os usava para embasar teses preconcebidas, “como peças a preencher um mosaico”.

Ou seja, ao pegar um livro como “O Judeu Internacional: o Principal Problema do Mundo”, de Henry Ford, Hitler só confirmava aquilo em que acreditava –mas ganhava ideias para seus discursos virulentos.

Outros títulos tiveram efeito mais nocivo, na opinião de Ryback. É o caso de “O Declínio das Grandes Raças”, de 1916, em que o americano Madison Grant teorizava sobre como a chegada de judeus levaria à decadência dos EUA.

“Sabemos que Hitler ganhou esse volume cedo, por volta de 1924, e que se referia a ele como a sua Bíblia. O livro funciona quase como um projeto de tudo o que aconteceria anos depois.”

Erros de ortografia

O nazista obviamente não leu todos os seus livros, muitos deles presentes de aduladores –Ryback calcula que ele não tenha chegado a folhear nem 10% deles. Também não lia por prazer, mas sim para compensar o fato de ter parado de estudar aos 15 anos. Várias vezes, referiu-se ao período em que ficou preso, nos anos 20, após uma tentativa fracassada de golpe, como “formação às custas do Estado”.

Disso decorria que em seus próprios escritos deixava passar erros grosseiros de ortografia –lapsos equivalentes a “presado sr.” ou “prizão”–, como Ryback pôde observar nos originais de “Mein Kampf”.

A maior parte conhecida de sua coleção, cerca de 1.200 livros, está hoje na biblioteca do Congresso, em Washington, nos EUA –com as devidas marcações feitas a lápis pelo nazista. Por exemplo, o livro de Madison Grant, o que surpreende o autor. “Eu o descreveria como um dos livros mais perigosos do mundo, e qualquer um pode ir à biblioteca e pegá-lo para ler.”

Fonte: Folha Online

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Uma resposta a Autor investiga Hitler a partir de sua biblioteca

  1. José Carlos André disse:

    Apesar de sua doentia personalidade, eu mesmo sendo um negro, tenho por este senhor uma verdadeira admiração,era um homem de coragem, nunca foi covarde, não tinha medo de expor suas idéias, defendia seus ideais, mesmo que muitas vezez ridiculos, ou seja se voce seu inimigo, já sabia o que iria enfrentar. Hoje no mundo atual; existem muitos Adolf Hitler camuflados, pessoas hipócritas, gente que se morrer não faz a menor diferença.

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